
Como o mito do amor romântico coloca seus relacionamentos a perder
- Evoluir Essencial
- 29 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de mai.
Desde muito cedo, somos ensinadas que o amor é uma espécie de prêmio: algo que se conquista depois de muitas provações. Mas ninguém nos diz que, ao longo dessa travessia, o que se perde, muitas vezes, é a própria alma.
A menina é moldada com histórias que romantizam a espera. Esperar o homem certo. Esperar ele perceber o valor dela. Esperar que ele mude. E assim, ela aprende que o amor exige silêncio, paciência e uma tolerância infinita. Nos contos, nas músicas, nas novelas — a mensagem é sempre a mesma: quem ama, aguenta.
Mas aguenta o quê?
Aguenta o descaso, o desamor, a ausência emocional. Aguenta a promessa futura de algo que nunca chega. Aguenta a dor, porque foi ensinada que a dor valida o amor.
Essa é a grande armadilha do mito do amor romântico: ele não é só uma ideia bonitinha sobre dois corações apaixonados. É um sistema simbólico profundo que modela a forma como o feminino se relaciona com o afeto — e mais ainda, com o próprio valor.
=> O feminino ferido: quando o amor exige que você desapareça
A psique feminina, quando educada sob esse mito, é arrancada de si mesma. A intuição é silenciada. A criatividade é reprimida. A espontaneidade é rotulada de “exagero”. A mulher vai se tornando cada vez menor, mais dócil, mais adaptável — na esperança de se encaixar no imaginário do que seria “a mulher ideal para ser amada”.
Quantas mulheres você conhece que mudaram o jeito de falar, se vestir, rir, pensar — por um homem? Quantas calaram suas dores para não “estragar o clima”? Quantas se anularam esperando que ele, um dia, valorizasse tudo o que ela fez por ele?
Essas mulheres não são fracas. Estão vivendo um drama arquetípico, repetindo um enredo coletivo que vem sendo contado há séculos: o da mulher que sacrifica tudo por amor — e acredita que esse sacrifício é virtude.
Mas há um ponto de ruptura.
=> Quando a alma desperta: o chamado para retornar a si
Em algum momento, a dor transborda. A decepção, o cansaço, o vazio — algo finalmente se parte. E nessa quebra, um novo arquétipo começa a emergir: a mulher selvagem, aquela que Clarissa Pinkola Estés nos apresentou como a loba, a intuitiva, a que fareja perigo e não se dobra.
Essa mulher começa a fazer perguntas perigosas:
•E se amar não tiver que doer?
•E se o problema não for eu amar demais — mas eu não me amar o suficiente?
•E se eu puder ser inteira, e ainda assim ser amada?
Nesse momento, o mito começa a ruir. O encanto se desfaz. A mulher que acreditava que o sofrimento era prova de amor, começa a se revoltar. Não com o homem, mas com o sistema interno que a ensinou a se contentar com migalhas.
Ela começa a lembrar da força que sempre teve. Do riso solto. Da criatividade esquecida. Da conexão com o corpo, com a lua, com os ciclos. Ela se reencontra com sua alma instintiva — e não há volta desse encontro.
=> Amar não é perecer, mas crescer
O amor saudável não se parece com uma guerra vencida. Ele nos provoca ao crescimento.
Amor de verdade não exige desaparecimento. Não pede sacrifício de essência. Não faz a mulher esperar por eternidades até que o outro esteja pronto.
Esse novo amor não é “menos intenso” — pelo contrário, ele é profundo. Mas não machuca.
E é justamente quando a mulher se torna inteira que o verdadeiro encontro se torna possível. Porque ela não busca mais o amor como uma tábua de salvação — mas como uma extensão daquilo que ela já cultiva dentro de si.
A mulher que retorna: vive a inteireza, não o "final feliz". E no final, a verdadeira travessia não é encontrar um homem que a ame. É ela se amar o suficiente para não aceitar menos do que merece.
A mulher que rompe com o mito do amor romântico não se torna fria — ela se torna lúcida. Ela não se torna indiferente — ela se aproxima com verdade. Ela não abre mão do amor — ela o redefine.
Essa mulher pode amar com muito mais profundidade, potência e autonomia. Com limites claros, ela vai longe, desbravando o autoconhecimento a dois. E com uma presença forte, fareja, explora e transborda, porque sentir se tornou o seu verbo principal — e agora, ela simplesmente é.
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Este é um chamado para retornar a si.
O mito pode até ser forte. Mas a sua alma é muito mais, e ela te convida a se expandir.
Agora me conta de você: já se perdeu nas narrativas do amor romântico? A da espera e do sacrifício? Ou já virou a chave da consciência e da inteireza?
Te leio nos comentários.
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